O que fazer com as crias – nossa quarentena Coronavirus na Itália

O que fazer com as meninas nesse tempo? Hoje completou 12 dias da declaração da quarentena nacional na Italia. A cada 24 horas medidas mais restritivas foram tomadas. Agora, não é possível mais nem tomar um solzinho na rua. Vitamina D só se for na sua janela. Sorte de quem tem jardim e terraço.

Por aqui o que fazemos: muita tesoura, papel, lápis de cor. São bonecas recortadas, roupinhas de papel, e muita criatividade. Também, tem sessão de cinema em família. Isso é uma coisa que elas sempre pediam, e a gente raramente conseguia fazer. Agora é uma cena fácil ver os 4 no mesmo sofá. Também tem a sessão culinária, e a roda em volta da bacia da laranja sendo descascada pelo papai. Lavar os cabelos , hidratar, fazer as unhas como se estivessem na manicure: tudo é uma atividade longa, dedicada e com muito amor. É a única saída para suportar essa temporada. Que teve dia para começar e não tem dia para acabar. 

Quem disse que seria fácil? Essa é uma das perguntas que fizemos várias vezes desde que nossos bebês nascem. Por vários motivos. Desde o sentimento de solidão, até as inúmeras noites sem dormir.

Mas realmente nunca pensei que fosse passar pela privação de liberdade e assistir, sem poder fazer nada, centenas de milhares de outros seres humanos morrerem bem próximo a mim.

“Sem poder fazer nada” está errado. Nesse momento: “fazer nada”, ficar em casa, sair o mínimo possível, é o melhor remédio para salvar vidas. Evitar que o vírus covil-19 seja carregado de um lado para outro é tudo o que o planeta precisa nesse momento.

Pânico? Não. Devo confessar que apesar de tudo, nunca entrei em pânico. Mas acordar sabendo que o vírus agora está em plataformas de petróleo no meio dos oceanos, está chegando em crianças e adolescentes faz o coração bater acelerado e bater um medo. Mas também aumenta a responsabilidade de ficar em casa, e guardar meus maiores tesouros: Leticia e Sara.

Fico aqui na torcida para que o contágio no Brasil seja mais controlado, mas que sobretudo aprendam a mesma lição que os italianos tem nos ensinado: compaixão e irmandade, somos todos um.